Centenárias, feiras livres resistem ao tempo com força e carisma dos feirantes

Atividade continua fundamental para manutenção do pequeno produtor rural e das tradições locais, além de oferecer produtos de qualidade

Vida de feirante é assim, acorda muito antes do cantar do galo, por volta das 4 horas da manhã, para colher da horta o produto fresquinho. Carroceria carregada, pega a estrada rumo à rua onde ergue a barraca enquanto o dia amanhece. Faça sol ou chuva, de terça-feira a domingo, tem feira acontecendo pelos bairros de São José do Rio Preto e tem feirante esperando a clientela com sorriso no rosto e conversa boa.

“Vou te falar que não é moleza, mas é uma vida muito boa. Estou há 4 anos nessa vida, inspirada pelo tio da minha esposa, que faz feira há mais de 30 anos. É uma paz cuidar da minha horta, onde também moro com ela e os dois filhos, e oferecer pros clientes um produto fresco e de qualidade”, conta Fred da Silva Lopes, feirante e produtor de hortaliças.

Assim como ele, centenas de pessoas fazem e celebram essa vida nesta sexta-feira, 25 de agosto, Dia do Feirante, com um motivo adicional para comemorar: o município está completando 100 anos de convivência com as feiras livres, que começaram a se firmar a partir de projeto de lei apresentado na Câmara Municipal em março de 1923 pelo vereador Angelo Joaquim Corrêa (veja mais no fim do texto).

Entre os que têm mais história para contar neste centenário está Seu Barão, que já se aposentou, mas por 53 anos montou sua barraca de roupas para receber com alegria os clientes, que com o tempo se tornaram amigos. “Era uma vida muito boa. Comecei quando tínhamos meia dúzia de feiras e, quando presidente do sindicato dos feirantes, ajudei a triplicar esse número”, lembra.

Hoje, quem está à frente da categoria é Milton Perozin, famoso por sua barraca de pamonha.

“As feiras livres são importantíssimas porque ajudam a manter o pequeno produtor rural, que produz aqui em Rio Preto ou na microrregião. Além disso, é a preservação de uma cultura, que passa dos pais para os filhos”, comenta o representante da categoria.

Atualmente, o município tem 19 feiras livres e 254 feirantes ativos. “É uma atividade que gera cerca de 560 postos de trabalho, com uma média de duas pessoas atendendo em cada barraca. A gente estima que a movimentação financeira anual chegue a R$ 25 milhões”, comenta o chefe das feiras livres, Jesus Ganzela.

Mesmo com as mudanças sociais, de comportamento e hábitos de consumo, as feiras livres se mantêm graças a características peculiares, como o frescor e a qualidade dos alimentos ofertados, a proximidade com os clientes e a tradição compartilhada de geração a geração.

“Nos últimos anos, promovemos uma modernização geral, com padronização de bancas e espaços, treinamento para feirantes e implantação de banheiros acessíveis e climatizados. O intuito continua sendo valorizar e fortalecer o feirante e garantir a manutenção dessa atividade centenária”, destaca o secretário de Agricultura e Abastecimento, Pedro Pezzuto.

A Prefeitura de Rio Preto garante fiscalização, monitoramento e limpeza das áreas onde as feiras são realizadas. Fiscais de postura atuam num raio de até 500 metros de cada feira, mantendo sua organização e regularidade. Já os monitores são responsáveis por orientar feirantes e fregueses a ter uma experiência mais agradável e satisfatória.

Além das feiras realizadas nas ruas, os feirantes também realizam feiras em condomínios fechados por meio de suas associações. Atualmente, existem 11 feiras deste tipo sendo realizadas nos Damha I a VI, Village Damha, Gaivota I e II e Recanto do Lago.

O departamento de Feiras Livres atende na rua Antônio de Godoy, 3.048, no piso superior do Mercado Municipal, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, além de pelo (17) 3231-6676 e e-mail: agricultura@riopreto.sp.gov.br.

Centenário

A feira-livre está completando 100 anos de existência em Rio Preto. Embora o Álbum Ilustrado da Comarca de Rio Preto registre na página 438 uma breve referência sobre apresentação de projeto do vereador Angelo Joaquim Corrêa criando as feiras, o Dicionário Riopretense, do historiador Lelé Arantes, registra a origem em março de 1923. O historiador conta que foi buscar a informação em pesquisas aprofundadas entre 1996 e 1997 no Livro de Leis do Arquivo Público Municipal.

De acordo com essa referência, a feira-livre foi instituída por lei em março de 1923, quando a Câmara Municipal aprovou projeto de lei do vereador Ângelo Joaquim Corrêa, o mesmo citado no Álbum da Comarca. Dois anos depois de regulamentada e disciplinada, o prefeito Alceu de Assis informou, no seu relatório de 1º/8/1925, enviado à Câmara, que a “feira-livre hoje é uma realidade”.

Saiba quais são as feiras mais próximas de você: riopreto.sp.gov.br/feiras-livres

Texto: Marcella Moreira/Secretaria de Comunicação

Imagens: Ivan Feitosa/Pref. Rio Preto

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *